Essas coisas do coração

“Exigente é o que avalia as possibilidades e tenta,

mas você descarta as hipóteses antes de experimentar”.

(Fabrício Carpinejar)

 

Sempre tento entender o que acontece comigo. Essa falta de desejo de namorar, de dividir minha intimidade com alguém, de me expor sem limites, sem reservas.

Ainda não tive essa experiência de dormir e acordar com uma pessoa na cabeça. De ansiar por um telefonema, por uma mensagem. Não sei o que é essa angústia, essa borboleta, esse nó na garganta.

Mantenho minha mente ocupada com histórias fictícias, com ideais, com simulações. Sempre tento eliminar a possibilidade de conhecer alguém mais profundamente. Esse alguém também vai querer me conhecer e é ai que o bicho pega. Não gosto de contar meus medos, meus segredos, meus pensamentos. Não quero me tornar refém de uma pessoa, mesmo que isso parece um tanto quanto radical, mas é verdade.

Não sei ainda do que eu tanto fujo. Mas meus muros com proteções a laser estão mais ativados do que nunca. Se alguém pisar na fronteira, leva um tiro!

Minhas amigas/primas/colegas/irmãos/mãe sempre falam: “Nossa, não consigo imaginar você namorando e sendo carinhosa com alguém”, e o pior de tudo isso é que eu mesma não me imagino!!!

Chamar alguém de amor?? Pff, corta essa. Ficar andando de mãos dadas pela rua? Arggg, sai fora. Telefonemas de madrugada? Mensagens com “eu te amo”? Pensamentos ensandecidos e frenéticos? Filminho romântico no sofá? Sinceramente, isso não foi feito pra mim.

Sou casca grossa, bicho grilo, reservadíssima. Pra conseguir responder com um sorriso pra aquele cara que me deu uma piscadela será necessário anos-luz de terapia.

O fato é que estou tentando. Já dou um aperto de mão de longe, um abraço com tapinha nas costas, um sorriso seguido de “então é isso, até mais” e uma caminhada mais acelerada (pra não dar na cara que quero sair correndo).

Quem sabe assim, até 2026 eu consiga aceitar que um cara sente na mesma mesa que a minha pra dividir uma banana split.

Será?