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quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Jantar

Estavam na cozinha. Alberto comprou comida chinesa quando voltou do trabalho. Acertou na mosca, Amanda estava com desejos há tempos. Mas Beto não sabia disso, afinal não se falavam havia quatro semanas.
Pareciam crianças, sempre usando um pobrezinho que estivesse mais próximo, para se comunicarem indiretamente:
- O Fulano, fala pra essa senhora ai não exagerar tanto no sal da próxima vez.
- Ei Beltrano, diga a esse babaca, que se a comida não está agradando, ele mesmo que faça a dele!
E assim passaram-se seis, dez, doze semanas.
Só que no jantar da comida chinesa, em meio ao silêncio, que somente o tilintar dos garfos no prato rompia, Beto resolve falar:
- Nossa, a Cleide está lavando o quintal a essa hora da noite.
- Quem é Cleide? - responde a esposa
- Ué, a nossa vizinha. Não está ouvindo ela esfregar o chão?
- O nome dela não é Cleide, é Cleuza o animal.
- Ah, confundi.
Ele não falou mais nada. Muito menos ela.
Alberto termina de comer primeiro. Fica admirando a elegância com que sua mulher leva o talher à boca. Ele era um homem apaixonado.

Um comentário:

  1. Nossa! eu curti!! ;D
    adoro esse cinismo hauahuhaua
    novamente fiquei curioso! *-*
    parabéns Fê!!

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Ah...fala o que achou pô!

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